Essa música é bem interessante, pois sua letra é carregada de complexidade, com muitas palavras de uso incomum, e uma ideia central bem focada em comportamentos banais na nossa sociedade. Ouça, leia a letra e, logo abaixo, veja minha análise detalhada:
O êxito tem vários pais
Órfão é o seu revés
"Aos que sofrem, por fim o céu"
Abranda a raiva
Órfão é o seu revés
"Aos que sofrem, por fim o céu"
Abranda a raiva
O que trago sobre os ombros é meu e é só meu
Sustento sem implorar a benção e o pesar
Mais vil é desdenhar do que não se pode ter
Sustento sem implorar a benção e o pesar
Mais vil é desdenhar do que não se pode ter
Refrão:
Vive tão disperso, olha pros lados demais
Não vê que o futuro é você quem faz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça
Não vê que o futuro é você quem faz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça
Atribui ao outro a culpa por não ter mais
Declara as 'uvas verdes', mas não fica em paz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça
Declara as 'uvas verdes', mas não fica em paz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça
O maestro bem falou
A ofensa é pessoal
Quem aponta o traidor
É quem foi traído
A ofensa é pessoal
Quem aponta o traidor
É quem foi traído
Já sabe o que é cair, ao menos tentou ficar de pé
E, vítima de si, despreza o que nunca vai ter
O mais verde é sempre além do que se pode ter
E, vítima de si, despreza o que nunca vai ter
O mais verde é sempre além do que se pode ter
[Refrão]
Análise:
Em seu contexto geral, a música fala da incapacidade da maioria das pessoas de se sujeitar a riscos em prol de um objetivo, quão incerto ele seja.
A primeira frase, onde diz "O êxito tem vários pais, órfão é o seu revés" quer dizer que existem vias para o alcance do sucesso, mas para o fracasso, (seu revés) é simplesmente não seguir por nenhuma dessas vias.
"Aos que sofrem, por fim o céu, abranda a raiva", expressa a concepção de que todos que lutam um dia terão sossego e paz, fazendo com que não reclamemos tanto das pelejas sob as quais somos submetidos ao longo da vida.
A admissão de culpa é bem visível nas duas primeiras linhas da segunda estrofe, onde o eu lírico afirma que devemos nos impor aos nossos atos, sendo as consequências boas ou ruins (sustento sem implorar a benção e o pesar).
"Mais vil é desdenhar o que não se pode ter", insinua uma atitude covarde ao se menosprezar, o que não se pode ter, ou ser, pelo fato de parecer improvável que aconteça.
O refrão está claramente criticando o comportamento das pessoas ao não correr atrás do que lhes é favorável, e dá um certo 'choque de realidade' ao finalizar com a frase : "o fracasso lhe subiu a cabeça", afinal, você gostaria de ser chamado de fracassado?
Ainda no refrão observamos uma expressão um tanto curiosa: "uvas verdes". Ela vem de uma fábula antiga, na qual uma raposa, não alcançando as uvas nos galhos altos, lamentou, debochando: 'estão verdes'. Concluimos então que a utilização desta na música sujere que as pessoas por não conseguirem o que almejam colocam falhas e obstáculos onde não tem.
"Quem aponta o traidor é quem foi traido", nos dá a ideia de que o erro do próximo só nos incomoda se fomos perturbados por ele, caso contrário, pouca importância tem.
A última estrofe nos coloca frente a frente com nós mesmos, onde tudo que fizermos ou não com certeza nos afetará. No trecho "o mais verde é sempre além do que se pode ter", evidencia a barreira que criamos diante de nós mesmos, onde sempre queremos mais do que temos mas não corremos atrás e ficamos olhando o tempo todo para os outros, achando que o que eles conseguem está distante do que podemos conseguir.
Enfim, o que mais tem a se falar desta música? Sua riqueza e minúncia impressiona, os detalhes dão uma força à mensagem que o compositor quer nos passar, e é uma forma de incentivo, para que você não deixe que "o fracasso lhe suba a cabeça". (:
Muito bom!
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